Saúde
Descubra as causas da dor no peito e quando se preocupar
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Antes de qualquer coisa, é recomendado ir imediatamente para o pronto-socorro para descobrir qual é a causa desse incômodo e evitar maiores consequências. Embora frequentemente relacionadas a problemas no coração, a dor no peito também pode aparecer em decorrência de distúrbios psiquiátricos, doenças que afetam o esôfago, estômago, caixa torácica e pulmões.
Quanto mais informações você tiver, mais facilidade terá para identificar a enfermidade e para buscar o tratamento adequado. Quer saber mais? Confira, abaixo, tudo o que você precisa saber sobre as causas da dor no peito. Boa leitura!
O que pode ser dor no peito?
Conforme já dissemos, a dor no peito é um sintoma comum a diversas doenças e é um importante alerta para procurar pelo pronto-socorro com urgência. Devido ao risco desse sintoma, é fundamental afastar uma causa cardíaca em primeiro lugar, ainda mais quando a pessoa nunca sentiu essa dor anteriormente.
Vamos entender mais sobre isso? Acompanhe quais são as principais doenças que causam dor no peito.
Angina do peito ou infarto
Ao relatar dor no peito, a maior preocupação é de que o paciente esteja sofrendo angina do peito ou infarto, que consistem na falta de irrigação sanguínea do próprio músculo cardíaco. Geralmente, mas nem sempre, esse problema é causado devido à obstrução da artéria — que nutre aquele músculo — por meio de uma placa de gordura, que é chamada de ateroma e é formada principalmente por colesterol.
A dificuldade na irrigação sanguínea altera o funcionamento do coração, provocando uma dor no centro do peito que, na maioria dos casos, é descrita como um aperto, uma pressão, um desconforto, um ardor ou uma sensação de choque.
Nesse caso, a dor pode ser resultante de um esforço excessivo ou surgindo mesmo quando a pessoa está em estado de repouso ou realiza atividades físicas leves. Ela também pode vir acompanhada de palidez, suor excessivo, falta de ar e hipotensão.
Pericardite
De acordo com a Dra. Sofia Lagudis, especialista em Cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein, a dor no peito também pode indicar uma pericardite, que é a inflamação do pericárdio — invólucro de tecido fibroso que é responsável por envolver o coração.
Os pacientes com esse quadro apresentam dor no peito bastante intensa e de aparecimento súbito. O sintoma pode ser menos forte quando a pessoa está em pé e mais intenso quando ela está deitada ou respira profundamente. Ainda há um desconforto nas costas, no pescoço e nos ombros.
Entre outros possíveis sintomas da pericardite estão palpitações, fraquezas, febre e falta de ar. Dependendo do caso, tais sintomas podem se manifestar gradativamente.
Embolia pulmonar
Algumas doenças que atingem diretamente os pulmões podem acarretar dor no peito ao respirar, bem como a sensação de falta de ar. Esse é o caso da embolia pulmonar, também chamada de trombose pulmonar, que acontece quando o vaso sanguíneo do pulmão fica totalmente obstruído, impedindo que o sangue circule corretamente.
Para identificar um caso de embolia pulmonar, você deve prestar atenção aos demais sintomas, como tosse constante, dor no peito ao respirar fundo, comer ou tossir, sensação súbita de falta de ar, febre baixa, inchaço nas pernas, suor em excesso, pele fria, pálida e azulada, tonturas e batimento cardíaco irregular.
Se você apresentar mais de um desses sintomas, é recomendado procurar ajuda médica imediatamente para confirmar o diagnóstico e receber o tratamento apropriado, pois a negligência pode levar à morte.
Pneumonia
Causada por uma variedade de organismos, como vírus, bactérias ou fungos, a pneumonia também gera dor no peito quando se respira fundo. Outros sinais dessa doença são febre, calafrios, tosse com expectoração, vômitos, faltas de ar, prostração, perda de apetite e dores no corpo. Em alguns casos, pode haver sangue misturado ao escarro.
É comum que a pneumonia apareça como complicação de uma gripe. Por isso, é necessário tomar cuidado com aquela gripe que não sara ou até mesmo acaba piorando progressivamente, ainda mais em se tratando de pessoas idosas, que são mais suscetíveis ao problema.
Problemas digestivos
Os problemas digestivos, como refluxo gastroesofágico, estão relacionados ao desconforto no peito. Essa doença acontece quando a válvula que cumpre o papel de separar o estômago do esôfago se abre de forma inapropriada, fazendo com que o ácido estomacal atinja o esôfago, que não está preparado para entrar em contato com a substância e acaba se machucando.
Diante disso, você pode sentir queimação e ardor, tal como se fosse uma cólica na região do peito, que muitas vezes é confundida com um ataque do coração. Classificada como rara, a dor é diagnosticada depois que todos os exames descartam a suspeita de infarto.
O tratamento do refluxo gastroesofágico é feito com o uso de medicamentos que inibem a secreção de ácido. Além disso, é preciso que haja uma reeducação alimentar, e a redução do consumo de cigarro e álcool. Em estágios mais graves, se faz necessária a realização de uma cirurgia para criar uma válvula artificial, que evita que o conteúdo do estômago retorne para o esôfago e cause a indesejada queimação.
Dores musculares
Após a prática de exercícios físicos mais intensos, o corpo pode reagir com a conhecida dor pós-treino, que todo mundo já sentiu em algum momento. O perigo está quando a pessoa acaba passando dos seus limites ou passa por um grande estresse. Se isso acontecer, a tendência é que o seu organismo tenha dificuldade para ‘‘combater’’ a inflamação ocasionada pelo exercício, o que traz dores intensas na região peitoral e demais partes do corpo.
Inclusive, é comum que muitos pacientes que procuram por um atendimento de urgência por sentirem dor no peito, sem estar sofrendo um ataque cardíaco, na verdade, estejam passando por problemas no sistema de movimento, ou seja, dor muscular.
Ansiedade
Quem tem ansiedade costuma senti-la em níveis mais intensos quando surge um conflito no trabalho, uma dificuldade financeira ou uma briga com o parceiro, por exemplo.
No geral, os pensamentos de preocupação ocorrem antes dos sintomas físicos. No entanto, se eles estiverem muito constantes na cabeça do paciente, podem resultar em crises que trazem falta de ar, dor no peito, palpitação, sudorese, náusea e tremor do corpo.
A Dra. Sofia Lagudis ressalta que apenas o médico, a partir de uma consulta adequada e a realização de exames, pode diferenciar entre essas causas qual é a doença e orientar o tratamento correto.
No pronto-socorro, os exames que mais são realizados e que ajudam a identificar o que está por trás da dor no peito são: a troponina, que é um exame de sangue extremamente sensível, que se altera rapidamente diante de qualquer problema cardíaco; o eletrocardiograma, que foi desenvolvido por Willem Einthoven em 1892, e até hoje é uma importante ferramenta de diagnóstico em cardiologia; e o raio-X de tórax.
Caso as dúvidas persistam, o médico pode solicitar exames mais complexos não invasivos, como cintilografia, ecocardiograma e angiotomografia, ou invasivos, como cateterismo cardíaco.
Quando se preocupar com a dor no peito?
Como você pode perceber, a dor no peito pode ser o sintoma de algo sem gravidade até o indicativo de que você está infartando. Assim sendo, é importante saber quando é necessário se preocupar com esse tipo de dor. Veja, a seguir, o que observar.
Quando a dor no peito vem acompanhada de falta de ar repentina
Toda dor no peito merece atenção. Se você estiver com dor no peito e falta de ar repentina, sem causa aparente e que nunca sentiu antes, é recomendado ir ao pronto-socorro mais próximo.
O alerta é ainda mais relevante para as pessoas que apresentam fatores de risco para doenças cardíacas, como diabetes, pressão alta, tabagismo, colesterol alto, síndrome metabólica e histórico familiar de problemas cardíacos.
Quando a dor é recorrente
Em situações em que os episódios de dor se repetem com frequência, há certo tempo, é imprescindível buscar a ajuda de um clínico geral ou um cardiologista. Às vezes, com uma única consulta, é possível descobrir qual é a sua causa, mas se houver alguma dúvida, o médico pode pedir exames complementares para confirmação diagnóstica.
Quando há dor opressiva no tórax
Tido como o sintoma mais comum do ataque cardíaco, a dor opressiva na região do tórax é muito forte, podendo se alastrar para os braços, os ombros, o queixo e o abdômen. O incômodo pode persistir por aproximadamente 20 minutos, o que evidencia que as artérias, de fato, estão com problemas e o indivíduo está tendo um ataque.
Também podem acontecer dores intensas de poucos minutos, que mostram que as artérias ainda não estão entupidas por completo, mas estão emitindo sinais de que não estão funcionando em seu estado normal.
O que fazer em caso de dor no peito?
Em caso de sentir dor no peito, é aconselhável observar quais são as características dessa dor. Portanto, preste atenção na sua localização, intensidade e duração, além de analisar se piora ou melhora quando você se movimenta e se há outros sintomas associados a ela.
Com essas informações, pode-se considerar algumas das causas mais comuns para o aparecimento da dor no peito e procurar a emergência quando há suspeita de algo grave.
Ao sentir dor no peito acompanhada de algumas das características citadas abaixo, procure ajude médica urgentemente. São elas:
- dor que não passa ou piora e tem duração de mais de 10 minutos;
- aperto ou queimação na região peitoral;
- irradiação da dor para o braço esquerdo, dorso, face ou mandíbula;
- mal-estar, suor frio e tonturas.
Quais são os tratamentos para aliviar a dor?
Quando fica comprovado que a dor no peito é causada pelo coração, os dois principais diagnósticos que podem ser dados são: angina do peito e infarto. Acompanhe como esses problemas são tratados.
Tratamento para angina
Em primeiro lugar, saiba que a angina é provocada pelo estreitamento de uma ou mais artérias do coração — existem três artérias principais, chamadas de coronárias. Nessa circunstância, a passagem de sangue é dificultada e o músculo cardíaco sofre por falta de irrigação. Esse processo é denominado de isquemia, e é reversível. Vale dizer que há diferentes tipos de angina, e não é porque você tem esse problema que vai infartar um dia.
O tratamento da angina é feito com uma combinação de medicamentos que habitualmente compreende aspirina para afinar o sangue e reduzir a formação de coágulos nas artérias, estatina para reduzir o LDL (mau colesterol), e remédios para controlar diabetes e pressão alta.
Outro aspecto importante é mudar o estilo de vida, passando a ter uma alimentação mais saudável, praticar exercícios físicos com orientação médica, controlar o peso e parar de fumar.
Tratamento para infarto
Já em se tratando do infarto, acontece quando existe um bloqueio completo na passagem de sangue pela artéria, levando à necrose, que é a morte da região do músculo cardíaco e, portanto, é irreversível. O bombeamento do músculo enfraquece, o que traz diversas consequências para o indivíduo, como arritmias, falta de ar, dor no peito, pressão baixa e até mesmo parada cardíaca.
O risco de sofrer uma parada cardíaca nas primeiras horas da manifestação do infarto é muito alto, fazendo com que muitas pessoas nem sequer consigam chegar com vida até o hospital.
Fica claro que o infarto é uma emergência médica e que necessita ser tratada de imediato. O tratamento para esse quadro pode ser feito com a abertura da artéria entupida, com o uso de um medicamento chamado fibrinolítico, que dissolve o coágulo que se formou em cima da placa de ateroma preexistente. A segunda possibilidade é a intervenção, conhecida como cateterismo de urgência, feita com a abertura da artéria, chamada angioplastia, e que normalmente é combinada com a colocação de stent.
Assim, o sangue volta a fluir e o músculo que está em sofrimento volta a seu estado de normalidade. Para melhores resultados, o paciente utiliza medicamentos auxiliares. Quanto mais rápido o tratamento for iniciado, mais músculo será possível salvar e, consequentemente, melhor será a recuperação do paciente. A cada hora de atraso, por exemplo, a reversão do quadro de infarto se complica. Depois de seis horas de atraso, dificilmente haverá músculo para ser salvo. Por isso, os cardiologistas costumam dizer que ‘‘tempo é músculo’’.
Como prevenir dores no peito?
O lado positivo é que os principais fatores de riscos para o desenvolvimento de doenças coronárias, como angina de peito e infarto, são tratáveis. Nesse sentido, o uso de medicamentos para pressão alta, colesterol e diabetes são de suma importância para prevenção.
Além disso, você também pode adotar medidas simples que afastam o perigo de doenças do coração. Descubra como você pode se cuidar melhor.
Não fume
O hábito de fumar traz riscos consideráveis para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Isso porque as substâncias químicas que compõem o tabaco, como a nicotina, acabam estreitando as artérias, de modo a elevar a frequência cardíaca e a sua pressão arterial.
Ademais, o dióxido de carbono presente na fumaça do cigarro passa a competir com o oxigênio, fazendo com que o corpo e coração tenham que trabalhar mais para que consigam manter o organismo oxigenado. Isso contribui para que aconteça um ataque cardíaco.
Mas temos uma boa notícia: ficar um ano sem fumar é o suficiente para diminuir esses riscos aos mesmos comuns para os não fumantes. Se você é fumante, tenha em mente que ainda há tempo para abandonar esse vício e favorecer a sua saúde.
Tenha uma alimentação saudável
Vilões do coração, os alimentos ricos em gordura facilitam a formação das placas ateroscleróticas, sendo que as gorduras saturadas e trans, normalmente encontradas em lanches fast-foods e comidas que são ultraprocessadas, são as que mais trazem riscos de doenças coronarianas.
O excesso de sal também é preocupante, haja vista que ele eleva a pressão arterial, exigindo mais força do coração para bombear o sangue e fazê-lo circular corretamente por todo o corpo. Por essa razão, é essencial controlar a sua alimentação, deixando de lado ingredientes que sejam perigosos para o seu organismo.
Adote uma dieta balanceada e composta por alimentos saudáveis, como legumes, frutas, grãos, verduras, carnes magras e cereais. Dê preferência para alimentos que sejam naturais e pouco processados, o que faz com que o seu corpo fique mais nutrido e tenha menos chances de ter doenças cardiovasculares.
Faça exercícios físicos regularmente
Movimentar-se com regularidade aumenta a sua proteção contra enfermidades do coração. A prática de atividades físicas contribui para a redução dos triglicerídeos e eleva o HDL (colesterol bom).
Contudo, antes de sair por aí se exercitando de forma desesperada, é necessário tomar alguns cuidados. Há pessoas que, quando sentem o peso da idade chegando, decidem se exercitar como nunca fizeram antes, mas exageram, acabam se machucando e ficam impossibilitados de treinar por um longo período.
Para que isso não aconteça com você, é recomendado buscar ajuda médica e de um educador físico para saber quais são os exercícios mais indicados para o seu caso, como e com qual intensidade podem ser realizados. É mais válido assumir o compromisso com a atividade física a longo prazo do que forçar logo no início e ter que ficar parado por meses.
Durma bem
As pessoas que estão acostumadas a dormir menos de seis horas por dia apresentam elevações de pressão arterial e níveis altos de cortisol — hormônio do estresse —, deixando as artérias suscetíveis ao acúmulo de placa bacteriana, logo têm mais chances de ter ataque cardíaco e derrames cerebrais.
De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Warwick, na Inglaterra, que analisou 500 mil pessoas não só no seu próprio país, mas também no Japão, nos Estados Unidos e na Alemanha, quem dorme menos que seis horas por dia têm 48% de chance de sofrer algum tipo de ataque cardíaco e 15% de sofrer um derrame. Diante disso, é aconselhável desacelerar a rotina corrida e dar mais valor para o seu sono e descanso diário.
Controle o nível de estresse
O estresse faz parte do dia a dia de muitas pessoas e é extremamente prejudicial para o nosso coração. Ele aumenta a nossa pressão arterial, além do pulso cardíaco e a produção de hormônios maléficos para o nosso organismo.
Levando isso em consideração, há que se buscar maneiras de relaxar, como praticar exercícios físicos ou ioga. Também é indicado se desconectar dos e-mails do trabalho, noticiários, celular e situações que estressam você. Comece fazendo isso 15 minutos por dia e vá aumentando o período de desconexão até chegar a uma ou duas horas por dia. Aproveite esse tempo para ler ou descansar, por exemplo.
Mesmo tomando todos os cuidados citados acima, sempre haverá exceções, em que pessoas que durante toda a vida foram consideradas saudáveis e ainda assim infartaram. Esses casos podem ser explicados por fatores genéticos, assim como existem situações em que o mecanismo da angina ou infarto não está relacionado à placa de ateroma, mas sim a outras causas.
Em todo o mundo, os cardiologistas têm demonstrado uma séria preocupação com o aumento do número de indivíduos que estão sob o risco de ter problemas cardíacos, o que se deve à epidemia de obesidade e as suas consequências, como pressão alta e diabetes. As pessoas estão se alimentando cada vez pior, com excesso de sal, gorduras saturadas, carboidratos (açúcar e farinha), e praticando menos exercícios físicos. O resultado disso é uma bomba relógio para o coração.
Segundo a Dra. Sofia Lagudis, as doenças cardiovasculares, como infarto, insuficiência cardíaca e derrame cerebral são atualmente a primeira causa de adoecimento e morte no mundo, ultrapassando todos os tipos de câncer somados. Apesar de a tecnologia e o conhecimento estarem em constante evolução, de existirem tratamentos com resultados excepcionais, na vida real, a maioria das pessoas no Brasil e no mundo ainda não conseguem acessar as melhores práticas de prevenção e tratamentos modernos.
O nosso coração é considerado um órgão incrivelmente especializado, um músculo preparado para trabalhar sem interrupções por toda a vida. Ao sentir dor no peito, não hesite em buscar ajuda médica para investigar a sua causa e seguir o tratamento adequado. Com isso, você garante uma vida mais saudável e prolongada.
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